sexta-feira, 7 de março de 2014

Leve-me
Leve estou
Leve
Me leve daqui
Estou
Leve
Aqui


Hellen Fonseca 07-03-2014

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Para nunca mais voltar


E ele se foi para nunca
Nunca, nunca mais voltar.
Leva dentro de si
Um pouco de mim,
E deixa comigo
Muito de si
E também muitas saudades.
Dormiu aqui sua última noite
No entanto sabia
Que essa era a derradeira.
Quem não sabia era eu
Que me julgava tão forte.
O carro já estava pronto
Para partir na manhã seguinte
E meu coração dilacerado.
Como pode ser Deus tão injusto?
Como pode uma religião ser tão perversa
Ao realocar homens
De um lugar ao outro
Movendo-os como simples peças de tabuleiro?
Deixaram em mim um abismo,
Um buraco negro.
Se eu pudesse, se apenas pudesse
Amarrar-lo-ia numa estaca
E de lá não sairia.
Mas não posso fazê-lo,
Pois é servo de suas convicções
E é com elas que parte para o longe
Para nunca, nunca mais voltar.

Hellen Fonseca
03/02/2013

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Querido travesseiro meu




Por favor, peço que não conte
Àquela que lava suas vestes semanalmente
Onde estivemos noite passada.
Não diga a ela para onde te levei,
Portanto, não comente
Qualquer acontecimento da noite passada.
Do contrário,
Confirme as minhas mentiras.
Não conte que fui à casa dele,
Não deixe o suor da noite anterior
Impregnado em ti.
Ainda que seja uma testemunha
De minhas mentiras e falcatruas,
Seja tão somente você,
Um simples travesseiro.


Hellen Fonseca 27/12/12

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Diga-me quem és
E o que queres.
Se é amor
Às causas impossíveis,
Digo-lhe sem mais demora
Que tens uma companheira
E que faço minha
A sua luta.

Hellen Fonseca 10/12/12

domingo, 9 de dezembro de 2012

Gravatas





Numa tarde de verão
Pincelamos gravatas
Em um quadro de papelão.
Você desenhou
E depois eu colori.
Misturamos cores
Incansavelmente.
O fundo branco sumiu
E nele surgiu
Um imenso colorido.
Gravatas ao vento,
Pairando no ar!
Multicoloridas,
Em tons degradê
Quase craquelê.
Gravatas que por ora
Pareciam gente,
Seres humanos de pé,
Ponto de exclamação,
E até mesmo pássaros.
Mas não deixavam de ser
Gravatas:
Arquétipo ideal,
Simbologia 
De amores passados
Cuja reconfiguração
É sempre constante.


Hellen Fonseca 09/12/12

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


"Gosto de tirar seus óculos
E de te olhar nos olhos.
Você me pergutaria por que
E então eu lhe diria
Que gosto tanto deles,
Que prefiro observá-los
Sem a armação 
Sem os reflexos da lente.
Olho-te nos olhos
Tão atentamente
Apenas tentando encontrar
O desenho de sua íris
E o contorno de sua pupila.
Não os encontro de propósito
Só para continuar
Esse longo serviço
De observação."


Hellen da Fonseca 21/11/12

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


E assim ele se foi,
Deixou em mim seu perfume
E no meu coração 
A saudade.

Quando eu olhei pra trás,
Ele não estava mais ali.
Só se faz presente em mim
Por meio de lembranças.
Mas aqui, dentro de mim
Ainda se faz presente
Em meus pensamentos
E sentimentos
Como sempre
Inacabados.