domingo, 21 de março de 2010

Quando ele deixou o meu amor p'ra trás

I
Quando ele deixou o meu amor p'ra trás
A brisa da manhã soprou em meu coração
E a tarde choveu toda a chuva do mês de Setembro
Tudo desaguou naquele dia.
E quando finalmente chegou a noite
Ela veio fria como um granizo
E assim foram os dias
Durante seis longos meses.
II
Quando ele deixou o meu amor p'ra trás
Aprendi a desenhar um coração no papel sulfite
Com um colorido bem desbotado
E o entreguei a alguns tolos,
E eles realmente acreditaram
Que aquele pseudo coração possuía Vida
E que ainda batia por eles.
Passado um certo tempo,
Contei-lhes a verdade,
E a ambos ordenei que o jogassem fora.
O primeiro amassou
E o segundo rasgou em mil pedacinhos.
Mas não importa.
Nenhum dos dois sequer doeu
Nãoi eram corações de verdade,
Eram mentiras que eu mesma inventara
Pr'a dar cabo da minha própria carência.
III
Quando ele deixou o meu amor p'ra trás
Desci de olhos abertos
Por todos os níveis do Inferno
E lá não era quente como diz a lenda
Era o contrário,
Frio e seco como um deserto.
E havia inúmeras vozes gritando
E muitas Almas sofrendo.
Ouvi um estalo e voltei à vida.
De ponto mesmo parei de viver?
IV
Foi há exatamente seis meses
Quando ele deixou o meu amor p'ra trás
Mas o Amor em meu coração
Ainda estava ali e batia,
Do mesmo jeito de outrora,
Ainda que estivesse jogado pelos cantos.
Tomei o pobre coração nas mãos
E devagar, assim bem delicada
Introduzi em meu peito
E assim me senti viva novamente.
E se ele desejasse a minha companhia
Sem titubear eu o acompanharia
Por todos os umbrais que fosse designado a andar
E por todos os paraísos que visitasse
Mesmo sem permissão para entrar em alguns
Paciente eu o esperaria voltar p'ra casa
E o receberia com um riso de saudade.

Não obstante, temos muito a fazer
Aqui nesse planeta azul chamado Terra
Há muitos terráqueos precisando d'ajuda
Por isso, deixamos o nosso amor p'ra trás
Pr'a um outro momento,
Pr'a uma outra ocasião
E quem sabe um novo recomeço.

Fireflies




Fireflies


Above the sky


They shine inside my eyes


And I remember the old days


When I was a little kid


The ancient innocence


Then I asked to my old sister:


-Why does the moon follow us all night long?


Unfortunately, I found the answer.

domingo, 7 de março de 2010

A Maçã do Jardim do Éden

Olhando para o alto da macieira, avisto a minha Maçã do Topo. Na verdade, já não sei mais se posso chamá-la desse modo, portanto, é melhor dizer que está adiante de mim aquela que um dia fora a minha Maçã do Topo. E a cada mês que a encontro no Jardim do Éden, ela está mais brilhante.
Estando eu camuflada em meio a natureza, admiro-a, ora de longe ora de perto. As vezes nossos olhares se cruzam e avermelhadas ficam as minhas maçãs do rosto. E a Maçã do Topo reage quase indiferente aos meus olhos. Há momentos que eu consigo até ler seus pensamentos: "Oh vil e teimosa Larva, por que tu és tão insistente? Já sabes muito bem que não posso mais abrigar-te! Vá e siga tua vida sem mim."
Se são pensamentos verdadeiros ou errôneos não sei. Apenas ouço o conselho e sigo adiante. E no meio do caminho encontro outras Maçãs que não habitam e nem desejam habitar a Macieira do Jardim do Éden. Há sempre uma que me ofereça abrigo e muito ingênua tenta me cativar. Infelizmente é em vão, pois logo é chegado o momento de seguir rumo ao Paraíso.