Do alto da ribanceira
Vi passar um barco
Guiado por um jovem
Cujo olhar fitava o horizonte.
Ele passava tão determinado
Que sequer notou
A dama que estava
No alto da ribanceira
Acenando-lhe com um lenço.
*
E ele seguiu viagem,
Cujo destino é o desconhecido
Talvez nem ele mesmo saiba
Em que águas desembarcará,
Se irá p'ra outro mundo
Para as Terras do Sem Fim.
Não sei,
Só sei que ele não para.
Não cessa um instante sequer
Rema contra a correnteza,
Deixa o suor escorrer pelo corpo
Mas nem por isso para de remar.
*
E assim ele se foi
Até sumir das vistas
De qualquer ser vivente.
Nem da mais alta ribanceira
Era possível enxergá-lo.
-Agora ele já está longe,
Cruzando os Hemisférios
E as linhas imaginárias
Da mente humana,
Dizia a dama para si mesma.
*
E ela, sem muito o que fazer
Usou o lenço p'ra secar as lágrimas
Deu as costas para o rio
E nunca mais olhou para ele.
Seguiu sua vida normalmente,
Sobreviveu às chuvas de granizo,
Aos ventos da tempestade,
E às longas madrugadas frias.
Tampouco, não deixou de amá-lo.
*
E um dia ele voltará
Ah, ela sabe que voltará
Por mais que lhe digam que não.
Quando se escolhe amar
Um homem do mar
Renunciada é a companhia
Os momentos de espera
São quase eternos,
E a paciência feminina
É a melhor das virtudes.
*
*
*
Hellen Fonseca 02/05/2010
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