sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A cidade sem fim

Já era fim de tarde e os raios solares ainda eram intensos. As pessoas seguiam suas trajetórias cotidianas, os adultos pelas ruas e os pequenos corriam pelos quatro cantos da cidade. Apesar da vida difícil e quase sem recursos, aqueles seres humanos ainda eram capazes de sorrir em meio ao cheiro de esgoto a céu aberto e a escassez de alimentos.
Era o dia doze de Janeiro desse mesmo ano e o relógio marcava quase cinco horas da tarde quando a terra tremeu na imensidão daquela ilha situada um pouco acima da linha do Equador. Foi tão intenso que alterou bruscamente o eixo de vida de cada ser vivo habitante desse local. Casas, prédios, construções tudo estava ao chão. Sobrou somente pedra sobre pedra e entre elas, corpos agonizantes lutando pela sobrevivência.
Enquanto a tragédia acontecia, a Terra não parava de girar e o tempo não parava de correr. A bolsa de valores não interrompeu o pregão diário e os políticos não cessaram suas maracutaias. O capitalismo não parou para assistir o esmorecer de um país de terceiro mundo. Confesso que eu mesma voltava de viagem enquanto as primeiras notícias corriam pelos principais jornais brasileiros.
Ninguém imaginaria que tal desgraça pudesse assolar a cidade, talvez um vidente, mas ainda que ele pudesse fazer tamanha previsão, não seria capaz de poupar a vida de milhares de pessoas. O tremor estava fadado a acontecer.
Pessoas de todo o mundo, em várias partes do globo terrestre então se perguntam: por que? Por que a Terra ou sorte escolhera um país tão desgraçado para um terremoto de tamanha intensidade? - Descontentes, ficaram sem respostas.
O lugar esquecido agora se tornou manchete dos principais jornais internacionais. Le Monde, New York Times, La Repubblica, El Mundo, The Sunday Times entre tantos outros que não caberiam aqui. Será que agora, acidentalmente encontraram uma forma de chamar a atenção das grandes potências mundiais? Todos se sentem quase obrigados a prestar auxílio ao país em ruínas. Somente por piedade? Trata-se de uma diplomacia política ou altruísmo verdadeiro? Não sei, somente o coração dos líderes de nações saibam responder a esse questionamento.
Não tenho dúvidas de que dentro de alguns anos vão sair manchetes nos mesmos noticiários sobre uma Fênix que nasceu pouco acima da linha do Equador. Ela inspirará força e determinação aos demais países de terceiro mundo. Servirá de modelo para muitos.

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